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28052019

Dismorfia do Snapchat: pessoas buscam ter o rosto igual aos seus filtros Snapchat-dysmorphy-1024x615



Dismorfia do Snapchat: pessoas buscam ter o rosto igual aos seus filtros



Não é de hoje que venho falando a respeito dos impactos que o uso excessivo de tecnologia vem causando na saúde mental de seus usuários.


O uso abusivo de jogos, através da internet –-internet gaming disorder –, por exemplo, ganhou recentemente, o reconhecimento oficial pela OMS como um novo transtorno psiquiátrico. E, cá entre nós, nem precisaríamos ir muito longe para perceber o quanto as pessoas foram "sequestradas" de sua vida real para poderem desfrutar das benesses que as plataformas digitais têm oferecido, inclusive, no acesso compulsivo às redes sociais.


As conhecidas selfies, como bem sabemos, já ocupavam um lugar central nas práticas do comportamento coletivo, entretanto , na tentativa de criar um "glamour" ainda maior, o ato de se autofotografar transbordou, criando um novo perfil de patologia do comportamento. 


Eu explico. 



No início de 2018, várias publicações começaram a relacionar um possível impacto dos aplicativos de mídia social à busca de cirurgias plásticas. E, desta forma, o termo "Dismorfia do Snapchat" foi então cunhado.


Vamos por partes. 



Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno dismórfico corporal (TDC) é uma doença mental que retrata uma preocupação excessiva com pelo menos um defeito (discreto ou inexistente) na aparência física de uma pessoa. Isso pode fazer com que elas pensem no seu "defeito" por, pelo menos, uma hora por dia, o que afeta, dramaticamente, seu cotidiano.


Vamos por partes. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (APA) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), o transtorno dismórfico corporal (TDC) é uma doença mental que retrata uma preocupação excessiva com pelo menos um defeito (discreto ou inexistente) na aparência física de uma pessoa. Isso pode fazer com que elas pensem no seu "defeito" por, pelo menos, uma hora por dia, o que afeta, dramaticamente, seu cotidiano.


E, pior, tais "preocupações" levam os indivíduos a exibir comportamentos repetitivos (como olhar compulsivamente no espelho) na tentativa de verificar se sua aparência, na busca de algum ângulo perfeito, possa diminuir o problema.


E onde entram as redes sociais?



 Simples. As redes sociais, que possuem milhões de usuários ativos, fornecem "filtros de imagem" que permitem aos usuários alterar o seu tom de pele, suavizar suas linhas e rugas, mudar o tamanho de seus olhos, lábios e bochechas e, finalmente, transformar de forma significativa aspetos de sua aparência física para um modelo perfeito.


Tais pessoas, aos buscarem os cirurgiões plásticos, têm pedido que as intervenções reproduzam "exatamente" aquilo que os filtros desses aplicativos executam em suas fotos pessoais. Segundo os especialistas, se antes as pessoas levavam ao consultório fotos de celebridades na busca de obter um nariz ou um lábio ideal, agora os pacientes mostravam fotos tratadas de si mesmos.


A prática é tão séria que a Academia Americana de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva Facial divulgou um aumento de 55% na busca das cirurgias em que a solicitação era de "parecer melhor em suas selfies". Está criada então a "Dismorfia do Snapchat". Um padrão irreal de beleza virtual que transcende as possibilidades reais da vida concreta.


Para se pensar



Claramente, é um novo fenômeno comportamental emergindo e, com ele, velhos problemas psicológicos ganham novos contornos. Desnecessário lembrar que esses pacientes dificilmente ficarão satisfeitos com as intervenções na face, simplesmente porque não há nada errado com elas. Os resultados esperados de tais cirurgias são, no fundo, irrealistas. Talvez ainda exista um longo caminho para que as pessoas entendam, finalmente, que a autoimagem é derivada e construída, principalmente, a partir de nosso bem-estar emocional –ou seja, a relação que estabelecemos com nossas emoções — e, portanto, pouca (ou nenhuma) relação guardam, no final das contas, com a espessura do nariz , tamanho dos lábios ou qualquer outra modificação que tenhamos em mente.


Não estou dizendo que não devemos buscar aquilo que nos deixaria mais satisfeitos e até felizes –-o que seria totalmente legítimo –, entretanto, quando um filtro de rede social se torna o reflexo da melhor versão de você mesmo, obviamente, alguma coisa não vai bem com a sua cabeça. Vamos torcer, assim, para que o "self digital" jamais possa prevalecer sobre aquilo que somos na vida real e que a dismorfia do Snapchat  não se torne uma prática comum entre as pessoas.
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